quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Resultado da Oficina de Verão no Ponto de Cultura Cine Teatro Solar Boa Vista (TEATRO DO OPRIMIDO)

O espetáculo de Teatro Forúm (TF) "Porque tem que ser assim?" foi criado na oficina de Teatro do Oprimido que aconteceu no mês de Fevereiro sendo uma das oficinas de verão no Ponto de Cultura Cine Teatro Solar Boa Vista, e foi ministrada pelos multiplicadores do Teatro do Oprimido e membros da Cia de Teatro Solidário de Brotas Fábio Marcelo e Robson Raycar.

A oficina teve 34 inscritos terminando com 26 participantes, todos atuantes no espetáculo de TF que foi apresentado no Palco do Foyer do Cine Teatro Solar Boa Vista no dia 09/02/2010 às 20hs, com a presença de muitos espec'atores.

O tema do Espetáculo apresentado abordou a história de uma jovem professora (Jessica) que veio do interior para morar na casa da mãe (Ivete Leitão) na periferia de Salvador, e começou a faze um trabalho de alfabetização na "favela", oportunidade em que duas assistentes sociais são abordadas pelos traficantes que comandam a área e passam o maior medo de suas vidas, a professora e a mãe observam o acontecido, e, solidariamente tentam socorrer as duas assistentes, os traficantes não ficam nem um pouco contente com a atitude das duas e da um ultimato, dizendo que elas não podem desfazer do comando da área, a Mãe fica desesperada e oprime a filha dizendo que ela nao vai mais dar aulas as crianças da comunidade, e a filha fica triste, em saber que não vai mais ajudar as crianças do bairro e que elas correm um risco imenso de seguir no mundo do tráfico.

A encenação foi montada apartir de uma história real contada por um dos participantes da oficina, provocou um debate entre a plateia e o multiplicador Fábio Marcelo, e as intervenções foram marcantes e a plateia foi para casa bastante satisfeita e feliz por poder expor sua opnião participando literalmente do problema mostrado.

O evento ainda teve a participação musical de membros do Grupo de Canto Coral Vozes do Engenho.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

AUGUSTO BOAL (16/03/1932 - 02/05/2009)

Já vai fazer 01 ano, que Augusto Boal, aos 78 anos nos deixou, ainda fico pensando nas perguntas que eu queria fazer-lhe quando estive com ele, me pergunto: será que prestei direito a atenção em suas palavras? Ahhhhh!!! Meu Deusssss!!!! Eu deveria ter aproveitado cada minuto, mas eu me lembro que aproveitei... Mas, não deveria ter aproveitado um pouquinho mais? Ora, o que é isso? Eu estava lá, dia 16 de março de 2009 na Praia do Arpoador, na casa dele, dele mesmo Boal, cantamos, sentamos na sala com ele, ouvimo-lo falar, ainda não acredito.... Vou olhar o vídeo para relembrar. Vixe, foi mesmo, era ele, eu cantei e chorei, estava ao lado dele, Sabe gente Boal é daqueles caras que fizeram a diferença. Ousado e competente, Boal possui uma trajetória inigualável dentro da dramaturgia mundial. Pessoa de um caráter fora-de-série. Deixo aqui registrados dois momentos de sua intensa vida:

1. "Augusto Boal, nobre vereador na augusta Câmara do Rio de Janeiro, ficou indignado quando a maioria da casa aprovou uma lei isentando companhias privadas do pagamento de impostos devidos. Pediu a palavra e bradou da tribuna: "Vossas Excelências que votaram essa indignidade são todos ladrões, ou são burros!". Em seguida, alguns vereadores foram ao microfone protestar. Um deles, muito tranquilo disse: "Sua Excelência, o nobre vereador Augusto Boal, exagerou. Ele disse que aqueles que votaram a favor da isenção são todos ladrões ou são burros. Sua Excelência sabe muito bem que aqui ninguém é burro!". Logo a seguir abandonou a política, para nunca mais voltar. E continuou fazendo o que mais gostava e sabia fazer, teatro. Isso está no livrinho "Aqui ninguém ninguém é burro - Graças e desgraças da vida carioca", lançados com seus discursos na tribuna.

2. Homenageado pela UNESCO viu recentemente o trabalho que realiza desde os anos 1960 ser mundialmente aplaudido. Em entrevista para Carta Capital, talvez uma das últimas, desferiu: "Hoje, todas as formas de expressão e comunicação estão nas mãos dos opressores. O que a televisão oferece é um crime estético. E ainda acham estranho que alguém sai matando quinze pessoas de uma vez. O cérebro das pessoas está impregando dessas imagens. As rádios também repetem o mesmo som o tempo todo. Sem falar no tecno, que desregula até marcapasso, e é pior do que ouvir gente quebrando tijolo em construção. Os programas populares da televisão são um massacre, impedem que as pessoas percebam o que está dentro delas. Elas apenas consomem o que lhes é imposto. (...) Cidadão não é aquele que vive em sociedade, cidadão é aquele que transforma". Num mundo praticamente massificado com o seu lado ruim, pessoas como Boal eram imprescindíveis. Fazem uma falta danada, pois as peças de reposição praticamente deixam a desejar (e de existir).

No meu ateísmo convicto me pergunto... Por que morrem os que devem ficar e ficam aqueles que nem deveriam nascer?



Fábio Marcelo